quinta-feira, maio 16, 2013

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“Queremos Autonomia ”


É que nem de propósito.
Coincidência, ou não, surge hoje – 16 de maio, um artigo de opinião do colunista do Jornal Correio dos Açores, Carlos Rezendes Cabral, que se encontra em perfeita sintonia com algumas das minhas últimas reflexões, sobre o papel dos 57 deputados da Assembleia Legislativa Regional.
Pergunto-me se os Açorianos sabem realmente o que fazem e o que supostamente devem fazer os nossos deputados. Pergunto-me se se justifica o número de deputados que temos e questiono-me se será justo e benéfico para os Açores a forma como eles são selecionados – sabemos que é o povo que os elege, mas em boa verdade não elegemos indivíduos e sim um pacote de caras, pacote esse que, me parece a mim, é previamente embalado com uma compilação de “amigos”, “filhos” e “afilhados” de “alguém”.Espelha bem o artigo de que falei, a vontade, e direito, do Povo Açoriano a uma verdadeira autonomia, que pelos vistos anda em vias de extinção.




Julgo, portanto, que vale a pena ler e pensar no que escreveu o autor a propósito de autonomia:


…, falemos da Autonomia que se vive no presente. Não fora os milhões que se gastam anualmente para a manutenção de uma Assembleia de 57 deputados, que pouco ou nada produzem, dir-se-ia que aquilo a que, pomposamente, chamam de Autonomia não passa de uma mera descentralização do poder central, em determinadas matérias que ele, poder central, não tem interesse em actuar localmente.
Assim, para mim, a Autonomia pressupõe ter-se iniciativas legislativas próprias, mesmo que diferentes das nacionais.
Autonomia é aprovar as leis regionais na Assembleia Regional que é quem representa o povo dos Açores e pô-las ao serviço da Região, sem mais “filtros” ou entraves.
Autonomia também pressupõe não aceitar qualquer tipo de opressão, venha ela de quem vier, ou de onde vier.
Autonomia significa ser-se capaz de administrar aquilo que se tem, e não andar constantemente de mão estendida “à caridade” do governo central, quase como que mendigando aquilo que é nosso por direito próprio.
Autonomia significa não deixar que o nosso povo seja fisicamente massacrado, como acontece presentemente, quando pouco ou nada contribuiu para o descalabro nacional.
Autonomia significa não deixar que, os nossos recursos económicos, financeiros, patrimoniais, e outros, sejam administrados à distância por leis avulsas, ditas de âmbito nacional, com o objectivo de “sacar” aos Açores alguma riqueza que haja no nosso mar.
Autonomia significa não deixar que um qualquer sindicato venha da “capital do império perdido” “botar faladura” sobre como administrar as nossas empresas públicas.
Mesmo que as ditas sejam mal administradas, isto é matéria reservada às entidades açorianas e não a qualquer figura sindical.
Autonomia significa não se ser subjugado e, quando alguém o tente, que seja “travado” pelos deputados regionais, eleitos pelo povo dos Açores.
Autonomia não é a independência mas, como diz o dicionário, é o direito de se governar a si próprio, segundo as suas próprias leis.
Autonomia é, todavia, independência administrativa, e ainda, liberdade moral e intelectual.
Como se pode verificar, muito pouco, ou mesmo nada do que atrás escrevi se verifica na autonomia que vivemos no presente.
….
Mas que não se pense que só os políticos são culpados da perda da autonomia.
A chamada sociedade civil também tem culpa, nomeadamente as suas organizações de classe, desde as ordens profissionais aos sindicatos, passando pelos próprios trabalhadores. Todos têm sido verdadeiras marionetes das suas congéneres centrais porque nunca pugnaram por uma autonomia sindical regional.
Costumo a classificar estes meus conterrâneos de autonomistas q.b.! Ou seja, para algumas coisas dizem-se autónomos; todavia, quando a autonomia implica algum sacrifício, a maioria deles são mais alfacinhas do que os próprios lisboetas.
A continuar assim, não chegamos a lado nenhum!
Precisamos, urgentemente, de açorianos que amem a sua terra e que, por ela, estejam dispostos a fazer tudo o que estiver ao seu alcance.
Por outras palavras: precisamos de jovens açorianos com a coragem suficiente para “dar um murro na mesa” e dizerem a Portugal que somos um Povo que quer ser respeitado E que não toleramos tutelas nem grilhetas legislativas que nos colonizam.
BASTA!






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