quarta-feira, julho 31, 2013

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Vozes de Bom Senso

Li há pouco tempo um artigo intitulado “A Cambada”, de Carlos Falcão, que “devorei” com curiosidade e com o qual, confesso, me deliciei, por considerar as mensagens subjacentes, nada subliminares, deveras interessantes e certeiras.
No artigo o seu autor aponta vários defeitos à classe politica e confessa um sentimento de revolta perante os enganos e prejuízos deliberados “por incompetência, mesquinhez e garotice, na defesa de interesses impróprios para quem se arvora em defensor da causa pública”. Revejo-me a 100% nesse sentimento.
Neste momento, mais do que revolta, sinto tristeza. Tristeza por saber que os jogos e jogadas “sujas” continuam, que os favorecimentos não acabam e que os bajulismos, afinal de contas, são profícuos. Tristeza por já mais não acreditar na justiça, pois em seu lugar a ocultação, a mentira e os interesses próprios ocupam lugares de destaque, quase que numa hierarquia de valores que se vê deturpada, ilógica, sem sentido e surreal.
De facto, é óbvio que as prioridades da maioria dos protagonistas políticos se resumem ao poder, aos cargos, aos negócios, à imagem, etc.. Em relação aos cargos, apesar de já estar patente em outros posts, não posso deixar de voltar a enfatizar que aqueles são extensíveis, numa lógica de efeito plástico flexível, a amigos e familiares – sobretudo esposas (é só ver alguns conselhos de administração de empresas e hospitais da Região).
Mais me revejo na afirmação, até porque venho sentindo de forma bem real na “pele”, que “Os poucos que os” (os protagonistas políticos) “tentaram contrariar e conter, nem sempre pelas melhores razões, foram rapidamente afastados, sempre que possível silenciados e pessoalmente preteridos e prejudicados.”. Certinho no alvo. Não basta servir com isenção e honestidade – essa atitude desemboca num final não feliz de opressão, ameaça e, por fim, de desistência. É um final quase inevitável face ao despertar de consciência da impotência instalada.
É ai que se descobre, que se vê e que se aprende que a asa da proteção e da impunidade apenas cobre os que, como cordeiros, seguem o rebanho, vendendo a alma por favorecimentos diversos, ou por uma simples palmadinha nas costas. Até os proclamados inimigos, vingam em manobras viciadas de “lavas as minhas costas que eu lavo as tuas” – Pode até não ser lavar, mas pelo menos esfrega-se com vigor.
A regeneração da democracia não é possível desta forma. Porquê?
Porque parece que não interessa se temos um povo cada vez mais pobre, cada vez com mais dificuldades, cada vez com menos recursos. Porque não interessa se o desemprego é cada vez maior e as alternativas de combate se esgotam na promoção de programas temporários de trabalho temporário e precário. Não interessa se o estado social está impregnado de disfuncionalidades e se as desigualdades sociais nunca foram tão evidentes como agora. Não interessa se os nossos alunos estão cada vez mais desinteressados, mais apáticos, mais burros. Não interessa se os nossos professores estão a ser encurralados numa armadilha que irá catapultar milhares daquela, outrora classe respeitada, para o desemprego. Porque na verdade, os interesses que se andam a defender parece que são outros…
Menos mal, não estou sozinha e isso lá me dá alento para não silenciar. Há dias escrevia também um artigo o Dr. Teófilo Braga, que demonstra que mais pessoas tem os olhos e ouvidos abertos, e que, acima de tudo, têm uma noção assertiva, consciente e isenta sobre esta “salsicheirada” politica na qual nos encontramos metidos.
Insurjam-se mais vozes para que haja uma alteração de paradigma. Porque o bom senso nunca será demais e porque só com vozes de bom senso se poderá corrigir e concertar o que está mal e o que está estragado.

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