E porque a Igualdade de Género é uma condição essencial para a modernização das sociedades...
Entristece-me que se perca tempo
com a mudança da designação do “Cartão do Cidadão”, como se isso representasse
algo em termos de “Igualdade de género”. Também não me interessam os
preciosismos sobre a forma de aludirmos a essa Igualdade, seja ela de género ou
de “direitos, deveres e garantias entre sexos”. Interessa-me aquela Igualdade
cujo princípio se encontra previsto na Constituição da República Portuguesa (artigo
13º: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”).
Entristece-me que sejam tão
marcadas e evidentes as diferenças sociais entre homens e mulheres numa
sociedade que se rege, não pelo princípio da Igualdade, mas por uma espécie de princípio
de hierarquização das oportunidades por sexo, com os homens quase sempre no
topo.
Entristece-me que se aceite, de
ânimo leve, que exista sempre uma “grande” mulher por detrás de um “grande” homem
e não se imponha a ideia que poderá haver, também, um “grande” homem por detrás
de uma “grande” mulher.
Igualdade de género deveria significar
que homens e mulheres têm igual visibilidade, poder e participação em todas as
esferas da vida privada e/ou pública. Entristece-me que esse significado continue
sem ser transposto para a realidade.
Entristece-me que seja possível e
aceite, nos dias de hoje, que mentes tacanhas, obtusas e completamente
irracionais, como algumas que vão tendo visibilidade na Comunicação Social de
vez em quando, possam vir dizer em público coisas como “O homem dá à mulher
direcção, indica-lhe um caminho. Uma mulher não é capaz de definir um caminho.
Sem um homem, fica sem saber o que fazer.”. Não deveria ser aceite nos dias de
hoje este tipo de pensamento e muito menos este tipo de afirmação pública.
Entristece-me que a opinião
pública, segundo revelam resultados relativamente recentes do Eurobarómetro, seja
a de que o número de mulheres na vida política deva aumentar, mas não se
imponham metas para que o paradigma se altere e rume nesse sentido.
Entristece-me que a paridade social
continue sem ser levada a sério e que decisores, pessoas e organizações continuem
sem se empenhar na sua promoção como instrumento para uma democracia mais justa.
Tudo isto me entristece porque
sou mulher, porque sou mãe, porque sou cidadã. Tudo isto me entristece porque considero
que esta realidade não é digna dos dias de hoje.
Haja suficientes vozes para que num
futuro próximo mulheres e homens tenham, de facto, os mesmos “direitos, deveres
e garantias”…
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